sexta-feira, 20 de maio de 2011

“Homenagem a uma velhinha muito maneira.”

Hoje, a calça jeans completa 138 anos de existência, contados a partir do registro de sua patente nos Estados Unidos.
Foi criada para atender aos trabalhadores braçais que buscavam um tecido mais resistente e que não deteriorasse com facilidade.
Eureca! Agradou tanto, que não só os operários aderiram à sua praticidade, como qualquer ser humano são, lá nos States e também no mundo todo.
Virou moda.
Criança usa, adolescente usa, adulto usa, velho usa.
Pobre usa, rico usa.
Gente boa veste, sangue ruim, idem.
Todos adotaram a calça jeans, sem preconceitos: qualquer tribo, qualquer raça, independente de crença, de classe social, de opção sexual.
Há para todos os gostos: modelo normal, modelo fashion, modelo de cintura baixa, modelo de cintura alta, boca larga, boca de sino, cigarrete, corsário, blue, black, lavada, rasgada, manchada.
Existe a de preço bom e a que vale preço de ouro.
Enfim, ela é democrática, liberal.
Parabéns, calça jeans!
Sem você, a vida rotineira nesse cotidiano doido não seria a mesma.
20/05/11

quarta-feira, 18 de maio de 2011

“A bem da verdade.”

Em outra oportunidade, disse que sou muito franca e que a franqueza, às vezes, traz problemas de convivência amigável em sociedade e família.
E isso porque, normalmente, quando pessoas solicitam a opinião de outras ou pedem conselho, pretendem, na verdade, ouvir exatamente o que querem. Então, por que perguntam? Se já sabem a resposta, devem agir de acordo com seu entendimento, sendo ele certo ou errado, e adotar posturas que podem ou não ser simpáticas aos olhos dos outros. E arcar com as consequências, ora bolas!
O ser humano, porém, necessita de autoafirmação, concordância alheia, suporte emocional, apoio irrestrito, enfim, bajulação.
Via de regra é assim.
E eu, com minha boca enorme, acabo falando o que realmente considero acertado e justo, sem mascarar a verdade ou tomar partido de fulano ou sicrano, de contexto assim ou assado.
E o que ganho com isso?
Talvez, fama de antipática e dona da verdade. Vai saber...
Talvez, fama de ser justa. Ainda bem, pois esse é o objetivo.
Mas também fico mais solitária, porque acabo por afastar os que não me conhecem direito e os que não querem conviver com quem lhes atinge a consciência. Consciência pesada dói mais do que machucado, não é?
Ser franca, então, nem sempre vale a pena.
Faz tempo que optei por não pedir conselhos a ninguém. É claro que vez por outra fujo à regra, a depender da situação. Contudo, quando o assunto é muito importante e comprometedor, prefiro decidir sozinha, até porque serei a única a colher frutos, bons ou ruins, da minha decisão. E não é bom nem justo jogar a culpa no outro depois. Se sou adulta e dona do meu nariz, devo agir como tal.
Preciso agora é aprender a ficar de boca fechada.
Daqui para frente será assim: se perguntarem, não falo; se pedirem minha opinião, não dou, a não ser que me paguem. Não diz o ditado que se conselho fosse bom, vendiam? Então, esse é meu novo lema.
18/05/11

terça-feira, 10 de maio de 2011

“Mademoiselle Chambon (ou Breves impressões sobre um filme francês).”

Pura simplicidade.
Silêncios entrecortados por raras palavras.
Olhares que dizem tudo.
Expressões faciais que dizem pouco.
Sentimentos reprimidos.
Amor.
Família.
Único encontro é despedida?
Por fim, casamento que vence paixão.
As obrigações familiares falaram mais alto do que o sonho.
10/05/11

segunda-feira, 2 de maio de 2011

“Entendendo Kevin.”

Meses atrás escrevi a crônica “Precisamos falar sobre o Kevin”, na qual expus minhas impressões sobre o livro de mesmo nome. A autora conta a história do problemático garoto Kevin que, aos dezesseis anos de idade, sem motivo aparente, matou pai, irmã e colegas de escola, ao mesmo tempo em que mostra as reflexões da mãe sofrida em busca de compreensão sobre a personalidade diabólica do filho marginal.
Esse livro perturbou-me e encheu-me a cabeça de questionamentos sobre a natureza da crueldade de algumas ações humanas. Questionamentos que nunca me abandonaram, nem poderiam, considerando que sou (somos) expectadora (es) de tragédias como as causadas por Kevin, rotineiramente narradas na mídia. Tragédias que chocam, entristecem e revoltam.
Recentemente li “Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado”, de autoria da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva. Na capa do livro há a seguinte frase (promessa?): “Como reconhecer e se proteger de pessoas frias e perversas, sem sentimento de culpa, que estão perto de nós”.
Pensei que fosse encontrar uma cartilha com passos para evitar e espantar para longe psicopatas que andam soltos por aí na sociedade.
Realmente, a obra ilustra exemplos verídicos de psicopatas, todos com determinados padrões de personalidade e comportamento, que podem ser detectados pelos mais avisados e atentos, como é o caso dos que se deram ao trabalho de ler o livro.
Mostra, ainda, o lado científico da psicopatia, que, a meu ver, é desencadeada por problemas neurobiológicos (palavras da autora) conjugados ao ambiente em que vive o, se assim posso chamá-lo, candidato à doença.
O psicopata não possui sentimento bom ou nobre por nada nem ninguém – palavras de leiga que sou.
Ele nasce assim e tende a piorar, a depender dos fatores sociais a que é exposto.
É problema físico somado ao tipo de criação a que se submete.
É desanimador constatar que nada pode ser feito, nem para tratar de pessoas acometidas pela doença - até porque elas não se veem doentes - nem para proteger-nos de seus atos.
Podemos até evitar o convívio, mas, sinceramente, ninguém está a salvo.
Tenho a dizer, então, à mãe de Kevin: a culpa não é sua, você fez o que pôde, deu a melhor educação possível e amor, mas seu filho já nasceu doente, sem cura e simplesmente não gosta de você.
02/05/11