segunda-feira, 2 de maio de 2011

“Entendendo Kevin.”

Meses atrás escrevi a crônica “Precisamos falar sobre o Kevin”, na qual expus minhas impressões sobre o livro de mesmo nome. A autora conta a história do problemático garoto Kevin que, aos dezesseis anos de idade, sem motivo aparente, matou pai, irmã e colegas de escola, ao mesmo tempo em que mostra as reflexões da mãe sofrida em busca de compreensão sobre a personalidade diabólica do filho marginal.
Esse livro perturbou-me e encheu-me a cabeça de questionamentos sobre a natureza da crueldade de algumas ações humanas. Questionamentos que nunca me abandonaram, nem poderiam, considerando que sou (somos) expectadora (es) de tragédias como as causadas por Kevin, rotineiramente narradas na mídia. Tragédias que chocam, entristecem e revoltam.
Recentemente li “Mentes Perigosas – O Psicopata Mora ao Lado”, de autoria da psiquiatra e escritora Ana Beatriz Barbosa Silva. Na capa do livro há a seguinte frase (promessa?): “Como reconhecer e se proteger de pessoas frias e perversas, sem sentimento de culpa, que estão perto de nós”.
Pensei que fosse encontrar uma cartilha com passos para evitar e espantar para longe psicopatas que andam soltos por aí na sociedade.
Realmente, a obra ilustra exemplos verídicos de psicopatas, todos com determinados padrões de personalidade e comportamento, que podem ser detectados pelos mais avisados e atentos, como é o caso dos que se deram ao trabalho de ler o livro.
Mostra, ainda, o lado científico da psicopatia, que, a meu ver, é desencadeada por problemas neurobiológicos (palavras da autora) conjugados ao ambiente em que vive o, se assim posso chamá-lo, candidato à doença.
O psicopata não possui sentimento bom ou nobre por nada nem ninguém – palavras de leiga que sou.
Ele nasce assim e tende a piorar, a depender dos fatores sociais a que é exposto.
É problema físico somado ao tipo de criação a que se submete.
É desanimador constatar que nada pode ser feito, nem para tratar de pessoas acometidas pela doença - até porque elas não se veem doentes - nem para proteger-nos de seus atos.
Podemos até evitar o convívio, mas, sinceramente, ninguém está a salvo.
Tenho a dizer, então, à mãe de Kevin: a culpa não é sua, você fez o que pôde, deu a melhor educação possível e amor, mas seu filho já nasceu doente, sem cura e simplesmente não gosta de você.
02/05/11

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