sexta-feira, 24 de setembro de 2010

“Fogueira de vaidades ou teatro?”

Após anos sem assistir às sessões do Plenário do Supremo Tribunal Federal, fiquei até a madrugada de hoje acompanhando o debate acerca do Recurso Extraordinário interposto contra o acórdão do Tribunal Superior Eleitoral que impede a candidatura de Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal, em virtude da aplicação, já na eleição de 2010, da lei da Ficha Limpa.
O deslinde da questão inaugurará precedente que alcançará diversas outras candidaturas a cargos eletivos em todo o país.
Portanto, para qualquer cidadão, em ano de eleição, é importante saber o que o STF decidirá sobre o caso.
Em virtude da aposentadoria do Ministro Eros Grau, a Suprema Corte está composta, temporariamente, por dez Ministros.
No julgamento de ontem, como já era previsto, o placar ficou em 5 a 5 e a proclamação do resultado está suspensa, indeterminadamente.
O debate em torno dos posicionamentos jurídicos a favor e contra o acórdão da Corte Eleitoral é válido e é o que se espera do Tribunal guardião da Constituição Federal em todos os julgamentos. Unanimidade, sempre, seria até suspeita, considerando o intelecto e o notório saber de cada membro do Tribunal, escolhido a dedo entre os maiores juristas do país.
Porém, impressionou-me o campo de batalha que virou a Corte.
Os Ministros se digladiam com comentários irônicos e desprezo às opiniões uns dos outros, beirando à falta de educação.
As expressões proferidas como “data vênia”, “Vossa Excelência”, “com o devido respeito”, somadas ao linguajar quase inacessível ao povo leigo, não disfarçam o clima de disputa.
São homens contra mulheres, nordestinos contra paulistas, negro contra brancos, o povo do norte contra o povo do sul.
Eu fantasiava que na Suprema Corte do Brasil, órgão colegiado que é, a harmonia imperava entre os Ministros e as acaloradas discussões deviam-se às divergências de opiniões jurídicas e não à busca incessante pelo individualismo com imposição de teses.
É, contudo, verdadeira fogueira das vaidades.
Ou será, na verdade, um grande teatro?
Fui dormir com essa dúvida e me perguntando se, após dez horas de sessão, no segundo dia de julgamento, com o tom ríspido que imperou no debate, os Ministros põem-se nos bastidores a rir e conversar amigavelmente, bebendo doses de uísque ou vinho e deliciando um bom jantar.
24/09/10

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

“Vote: tragédia ou comédia. (De uma cidadã que está quase sem palavras sobre a campanha eleitoral.)"

Circo de horrores. Ou será show de calouros?
Ficha limpa? Só enxergo ficha suja.
Orgulho dos representantes do povo? Anarquia pode ser a solução.
Esperança de um país melhor? Nada é tão ruim que não possa piorar.
Ao final, comprovante de votação do eleitor? Não, atestado de burrice.
É trágico, se não fosse cômico. É cômico, se não fosse trágico.
Resumindo: qualquer que seja o voto, o resultado será praticamente o mesmo.
14/09/10

terça-feira, 14 de setembro de 2010

“Ser ou não ser Chanel: eis a questão.”

Acabei de ler o livro “O Evangelho de Coco Chanel”, escrito pela americana Karen Karbo, que, na minha singela opinião leiga, está mais para fã ardorosa da estilista do que biógrafa gabaritada.
O livro está longe de ser um dos melhores de minha vida. Acho até que nem gostei tanto assim dele. Talvez seja implicância de minha parte com o estilo da escritora. Mas, sinceramente, é insuportável ler um único parágrafo com mais de vinte linhas e nenhum ponto. Além das incontáveis interrupções à fluência do texto pelo uso desmedido de parênteses contendo orações explicativas gigantescas.
Não sou perita em Coco Chanel. Na verdade, tive apenas dois contatos com sua história ao longo de minha vida. Por intermédio desse livro e do filme Coco avant Chanel, de
que gostei muito e que recomendo.
Apesar de não admirar a figura de Chanel na sua integralidade, ela foi um marco no mundo da moda e merece aplausos.
Chanel inovou a moda no início do século passado e trouxe, pelo menos no meu ponto de vista e para o meu gosto pessoal, o que há de melhor: a pura simplicidade. Não há nada mais chique!
Chanel repudiava exageros, excesso de plumas, paetês e bordados, tecidos bufantes, cores extravagantes, misturas espalhafatosas e acessórios impossíveis de usar.
Elegância para Chanel era um misto de conforto e simplicidade.
Elegância para Chanel era ser mulher de atitude somada à personalidade bem definida.
Elegância para Chanel era um bom perfume com os acessórios certos.
Em resumo, elegância para Chanel era pretinho básico, ornamentado com colar de pérolas, pairando sobre sapatos de saltos altos – mas confortáveis – e bolsa/carteira de matelassê.
Assino embaixo.
Um viva a Coco Chanel!
13/09/10